quarta-feira, 6 de setembro de 2017

SOS Costa da Guia em protesto contra a construção do novo centro judaico em Cascais


SOS Costa da Guia em protesto contra a construção do novo centro judaico em Cascais
Movimento de moradores opõe-se à construção e defendem a manutenção de um espaço verde público. Está marcada uma manifestação para esta quarta-feira.

CRISTIANA FARIA MOREIRA 5 de setembro de 2017, 20:30

A contestação à construção de um centro de conhecimento da comunidade judaica, em Cascais, continua. Depois de ter sido lançada uma petição contra a obra, o movimento SOS Costa da Guia, onde se agruparam os moradores que se opõe à construção deste equipamento, está a organizar uma manifestação contra a empreitada. O projecto, que é da responsabilidade da Associação Chabad Portugal, prevê a construção de uma biblioteca, centro de investigação e “uma pequena zona de culto” num espaço verde, junto ao parque infantil daquela zona.

“Há mais de dez anos que os moradores lutam para que aquele espaço se mantenha um espaço verde”, diz ao PÚBLICO, Pedro Jordão, o porta-voz do movimento SOS Costa da Guia, que é também candidato independente à Junta de Freguesia de Cascais e Estoril e à assembleia municipal.

Em causa está a construção de “um centro de aprendizagem judaico”, que se vai chamar Jewish Life and Learning Center (Centro de vida e aprendizagem judaico, em tradução livre), que irá incluir uma biblioteca, centro de investigação e “uma pequena zona de culto”, explicou a câmara de Cascais ao PÚBLICO, em Julho. Não são, para já, conhecidos mais detalhes sobre o projecto nem para quando está previsto o arranque da obra.

A 18 de Maio, a autarquia tinha formalizado a cedência de cinco mil metros quadrados para construção do edifício à Associação Chabad Portugal. O terreno em causa situa-se numa zona contígua ao parque infantil, na Costa da Guia, numa parcela que, segundo Pedro Jordão, estará avaliada em mais de dois milhões de euros. Em contrapartida, a Chabad Portugal pagará uma renda mensal de 744 euros à Câmara de Cascais por um período de 50 anos.

Para contestar a decisão da autarquia, a SOS Costa da Guia já tinha lançado uma petição, online e escrita, que terá chegado perto das 1500 assinaturas, diz o porta-voz da SOS Costa da Guia.

A manifestação, nota, servirá também para reclamar a actuação da Câmara de Cascais, que, segundo afirma, se tem “fechado em copas”, sem responder aos apelos dos moradores daquela zona.

A contestação prossegue agora com a realização de uma manifestação que está agendada para esta quarta-feira, às 18 horas, junto à rua dos Vidoeiros, e deverá concentrar cerca de uma centena de pessoas.

“Continuamos a fazer este tipo de iniciativas para procurar que a câmara reverta a situação e se preocupe mais com os moradores”, diz Pedro Jordão, referindo-se ainda à proposta apresentada à autarquia de serem os moradores a pagar o “preço ridículo” de 744 euros mensais, que foi rejeitada.

E adiantou ainda que estão a ser feitos “esforços para ter um projecto paisagístico de arquitectos portugueses" que será "oferecido" ao município” para desenvolver ali um “equipamento público" como um "um circuito de manutenção ou bancos”, que tornassem a zona “mais aprazível e acessível", sem que fosse “privatizada”.

Naquelas terras, já tinha sido equacionada a construção de um edifício da igreja católica. Mas o projecto acabou por nunca avançar e a parcela passou, no ano passado, para domínio municipal. “[O terreno] já pertenceu à Igreja Católica e não foi ali nada construído pela oposição que os moradores tomaram há cerca de sete anos", reitera Pedro Jordão.


Contactada pelo PÚBLICO, a câmara de Cascais escusou-se de comentar o assunto. O PÚBLICO tentou ainda, sem sucesso, contactar a Associação Chabad.

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