quinta-feira, 11 de maio de 2017

Carris prevê expansão da rede de eléctricos com ligações à Alta de Lisboa e a Oriente

Carris perdeu 43,3 milhões de viagens em seis anos
Este ano, a Carris quer aumentar em 2,1% o número de passageiros e inverter o declínio com contratação de motoristas e renovação da frota. Em Julho, há quatro novas carreiras de bairro em circulação.

LUÍS VILLALOBOS e MARGARIDA DAVID CARDOSO 10 de Maio de 2017, 19:49

A Carris perdeu 43,3 milhões de viagens nos últimos seis anos, ou quase 25% do total, num ciclo que a actual gestão quer agora inverter. Só em 2012, o maior ano de perda, assistiu-se ao “desaparecimento” de 28 milhões de passageiros face ao ano anterior (valor medido de acordo com o número de bilhetes validados).

Nesse período, em que Portugal mergulhou numa profunda recessão após a entrada da troika de credores, e o desemprego disparou, a Carris subiu os preços dos bilhetes em 20% (medida que voltou a aplicar no ano seguinte). A subida de preço é, aliás, uma das justificações dadas pela empresa, agora na esfera da autarquia de Lisboa, para a forte queda do número de passageiros. A este dado acrescem outros, como a redução da oferta (menos autocarros) e “menor qualidade de serviço”.

O mote é, agora, “inverter o declínio” e “promover a recuperação”, como destacaram o presidente da empresa, Tiago Farias, e o presidente da câmara, Fernando Medina, na apresentação do plano de actividades para 2017-2019, esta quarta-feira. De acordo com estes responsáveis, “a recuperação já começou”.

Nos primeiros três meses deste ano, assegura a Carris, houve uma subida de 0,7% de passageiros face a igual período do ano passado e foram contratados 30 novos motoristas. “Estes dados comprovam a interrupção de um ciclo brutal de declínio”, defendeu Fernando Medina.

Para este ano, a meta é chegar aos 144 milhões de passageiros, ou seja, crescer 2,1%. A estratégia para atingir esse objectivo apoia-se na redução, já aplicada, dos preços dos passes para idosos (com 65 anos ou mais) e gratuitidade para crianças até aos 12 anos. A manutenção do crescimento do número de passageiros será feita à custa de uma melhoria generalizada no serviço, frisou Tiago Farias. Para isso, a empresa prevê contratar 200 novos motoristas e adquirir 250 novos autocarros (a gás natural ou 100% eléctricos), até 2019.

O primeiro concurso para o reforço da frota é lançado este mês para a compra de 170 veículos - 125 autocarros standard e 45 articulados. A três anos, a Carris prevê investir 61 milhões na renovação da frota. Este valor faz parte de um total de 80 milhões que a empresa vai destinar ao triénio 2017-2019.

Foi ainda anunciado que quatro das 21 carreiras de bairro começam a circular em Julho: em Marvila, Olivais, Parque das Nações e Santa Clara.

Com vista a reduzir o número de carros dentro da cidade, Carris vai criar, em parceria com a EMEL - empresa municipal de mobilidade e estacionamento -, “tarifas especiais” nas bicicletas públicas partilhadas e analisa a possibilidade do estacionamento nos parques periféricos ter “um valor simbólico” ou ser gratuito para utentes - uma das reivindicações dos vereadores do PCP na câmara municipal. A medida é aplicada “em breve” no novo parque de estacionamento na Ameixoeira.

A empresa está ainda a estudar a possibilidade de ligar Santa Apolónia à Gare do Oriente, depois da expansão já anunciada do eléctrico 15 da Praça do Comércio a Santa Apolónia. E tem em cima da mesa a implementação de um eléctrico rápido nas ligações da Alta de Lisboa a Entrecampos.

Previsão de lucro este ano
Este ano, a empresa prevê um saldo positivo, com gastos operacionais de 103,6 milhões e rendimentos de 115,5 milhões. Uma forma de manter as contas equilibradas, agora que a Carris está limpa das dívidas acumuladas no passado (e que ficaram na administração central).

De acordo com Tiago Farias, a Carris deverá fechar as contas de 2017 com um lucro de dois milhões de euros. Embora o relatório & contas (R&C) de 2016 ainda não tenha sido divulgado, o presidente da empresa, numa resposta aos jornalistas, referiu que a Carris teve um prejuízo de 16,8 milhões de euros nesse período. No entanto, as contas não podem ser comparadas com a estimativa de lucro para este ano, já que a Carris ficou livre de um enorme passivo.

É, aliás, à administração central que caberá, conforme explicou Fernando Medina, entregar ao Banco Santander Totta o valor que está por pagar relacionado com os contratos swap. Depois de o Estado e o banco terem chegado a acordo, as quatro empresas de transportes públicos envolvidas nestes acordos de financiamento (Metro de Lisboa, Carris, STCP e Metro do Porto) têm de pagar as mensalidades que ficaram por entregar, e que rondam, no global, os 530 milhões. No caso da Carris -- sem que se saiba o valor exacto em causa -- a dívida será paga nos próximos meses.

Em breve, na Carris
Início das carreiras de bairro de Marvila, Olivais, Parque das Nações e Santa Clara, em Julho
Lançamento da aplicação móvel experimental, em Julho
Extensão do eléctrico 15 (Praça da Figueira - Algés) até Santa Apolónia, para dar resposta à afluência ao futuro terminal de cruzeiros
Criação de novos corredores de bus que cruzem os principais interfaces multimodais
Adopção de “tarifas especiais” no sistema público de bicicletas partilhadas para utentes
Wi-fi em todos os autocarros e eléctricos

Carris prevê expansão da rede de eléctricos com ligações à Alta de Lisboa e a Oriente
POR O CORVO • 11 MAIO, 2017 •

A empresa municipal vai estudar a criação de uma ligação rápida entre a Alta de Lisboa e Entrecampos e de uma outra entre Santa Apolónia e a Gare do Oriente. A primeira poderá vir a ser concretizada através do sistema de autocarros Bus Rapid Transit (BRT), nascido na cidade brasileira de Curitiba. Já a nova ligação de eléctrico ao Parque das Nações deverá aproveitar a linha ferroviária existente. A curto prazo, estão garantidas a extensão da linha 15 do Terreiro do Paço a Santa Apolónia e o regresso do 24, entre Cais do Sodré e Amoreiras. Tudo isto faz parte do conjunto de “medidas estratégicas” a aplicar até 2019. Haverá ainda mais 250 autocarros novos, mais 200 motoristas e criar-se-ão 21 “linhas de bairro”.

 Texto: Samuel Alemão

 A Carris deverá lançar, em breve, um estudo para a criação de uma ligação em eléctrico rápido ou similar entre a Alta de Lisboa e Entrecampos, bem como um outro para uma conexão no eixo Santa Apolónia-Gare do Oriente. Ambos se incluem no declarado objectivo de expansão da rede de eléctricos da empresa municipal de transportes, que se constitui como uma das 12 “medidas prioritárias” definidas pela sua administração para o triénio 2017-2019, apresentadas no final da manhã desta quarta-feira (10 de maio), em Santo Amaro (Alcântara).

 O momento, que serviu também para mostrar os principais dados do Plano de Actividade e Orçamento para este ano da transportadora recentemente passada da esfera governamental para a tutela directa da Câmara Municipal de Lisboa, foi aproveitado por Fernando Medina (PS), presidente da autarquia, para frisar a importância de “recuperar o serviço público de transporte e devolver a mobilidade aos cidadãos”.

 Anunciando uma “nova visão estratégica” que se baseia no mote “inverter o declínio e promover a recuperação” – por contraste com um cenário em que se perderam 40 milhões de passageiros por ano entre 2010 e 2016 -, Medina e o presidente do conselho de administração, Tiago Farias, falaram na necessidade imperiosa de colocar a empresa “ao serviço da cidade de Lisboa”. Um desejo que se deverá concretizar através de “três pilares-base”: promover um serviço focado no cliente; modernizar e qualificar a empresa; aumentar a eficiência e a sustentabilidade. O que terá uma tradução prática, prometem, através da adopção de uma dúzia de medidas “estratégicas” ou “prioritárias”, orçadas em 80 milhões de euros.

 Entre elas está a prometida expansão da rede de eléctricos – que agora conta apenas com cinco ligações. E se já se sabia dos planos para o alargamento da linha de eléctrico 15 da Praça do Comércio até à estação de comboios de Santa Apolónia e para a reactivação, há muito desejada, do percurso da linha 24, entre o Cais do Sodré e as Amoreiras, a novidade passa pela criação das ligações rápidas à Alta de Lisboa e à Gare do Oriente.

 Um cenário revelado pelo anúncio do lançamento de dois estudos prospectivos, como é referido no documento entregue ontem aos jornalistas. Um deles avaliará as condições de “implementação de eléctrico rápido/BRT nas ligações Alta de Lisboa-Entre Campos”. Ou seja, em cima da mesa está a possibilidade de os passageiros daquela zona da capital serem transportados até a uma da estações da rede de metropolitano através de um eléctrico similar ao 15 – que hoje apenas assegura a ligação entre a Praça da Figueira e Algés – ou, em alternativa, de um sistema designado como Bus Rapid Transit (BRT), em que autocarros articulados circulam a uma velocidade superior em canais de circulação dedicados e isolados do restante tráfego automóvel.

 Em muitos casos, sistemas do género comportam plataformas de embarque, semelhantes às dos meios ferroviários. Tal solução de transporte, surgida em 1974 na cidade brasileira de Curitiba, permite aliar a velocidade dos sistemas de metro com a flexibilidade e baixo custo dos autocarros. Em Novembro do ano passado, existiam 207 cidades no mundo a usá-la.

 O outro estudo vai incidir sobre a criação de “soluções em modo próprio para o eixo Santa Apolónia-Gare do Oriente, dinamizando a utilização integrada da linha da CP, explorando as estações e apeadeiros intermédios”. O que isto significará ao certo ainda está por definir. Uma possibilidade seria a de um simples prolongamento até ao Parque das Nações da nova extensão a Santa Apolónia da linha 15 – que tem como principal objectivo servir o terminal de cruzeiros em construção junto à gare de comboios. Mas a referência expressa à “utilização integrada” da linha ferroviária e à exploração de estações e apeadeiros intermédios poderá implicar outra opção.

 Neste momento, a única estação de caminho-de-ferro existente na ligação directa entre Santa Apolónia e Gare do Oriente – e coincidente com o percurso definido entre os dois pontos terminais do desejado ramal de eléctrico rápido – é de Braço de Prata. O que deixa adivinhar a construção dos mencionados “estações e apeadeiros intermédios”. Em todo o caso, a promessa do estudo deixa clara a intenção da Carris de criar um novo eixo de transporte público colectivo junto à zona ribeirinha oriental, cobrindo assim bairros como Xabregas, Beato e Braço de Prata – hoje apenas servidos por autocarros.

 Além da anunciada expansão da rede de eléctricos, o plano prevê onze outras medidas. As mais relevantes são a introdução de tarifários mais atractivos – gratuitos para crianças até ao 12 anos na Carris e Metro e redução de 60% no passe Navegante Urbano para clientes idosos -, a renovação da frota – com a aquisição de 250 autocarros novos, na sua maioria movidos a energias alternativas (gás natural e eléctricos) -, a contratação de mais 200 motoristas ou a, já antes anunciada, criação de uma “rede de bairros”. Esta prevê a introdução de 21 novas linhas em vários bairros de Lisboa, cobrindo todas as freguesias e nelas assegurando a ligação com escolas, mercados, centros de saúde, zonas comerciais e com a “rede estruturante” de transportes públicos. Já em julho avançam quatro: em Marvila, nos Olivais, no Parque das Nações e em Santa Clara.

 Mas haverá mais novidades. Entre elas estará a criação de linhas de autocarro consideradas de elevado desempenho, em radiais e circulares que cruzarão os principais interfaces multimodais de transportes. Em simultâneo, apostar-se-á num aumento da velocidade de circulação, através de uma mais intensa fiscalização dos corredores BUS e do estacionamento abusivo, numa operação em parceria com a Polícia Municipal e a EMEL. Serão criados projectos “park&bus”, com tarifários combinados entre autocarros e parques de estacionamento periféricos, e “bike&bus”, com tarifários feitos à medida para aderentes ao futuro sistema de bicicletas partilhadas da EMEL. Será ainda garantido acesso WiFi gratuito universal em toda a frota da Carris e criada uma nova aplicação com toda a informação necessária aos utentes da rede da emp

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