segunda-feira, 28 de março de 2016

DGPC aperta controlo das decisões urbanísticas da Câmara de Lisboa

Direcção Geral do património neutraliza a “Via Verde”, representada por Flávio Lopes e Teresa Gamboa, concebida por Manuel Salgado para “facilitar” Licenciamentos …
Terá sido a classificação da Cervejaria Solmar o primeiro “sinal”?
Outros”estarão em preparação, como a classificação da notável Sapataria Lord na Rua Augusta ou da Havaneza no Chiado …
OVOODOCORVO

No dia 14 de Janeiro, três dias depois da sua posse, a nova directorageral reiterou o essencial da posição do seu antecessor.

DGPC aperta controlo das decisões urbanísticas da Câmara de Lisboa
Anterior director-geral diz que quis reforçar a defesa do património, mas elogia técnicos cujos poderes avocou parcialmente
José António Cerejo / 29-3-2016 / PÚBLICO
Pareceres da DGPC são obrigatórios e vinculativos em quase toda a cidade de Lisboa

A Direcção-geral do Património Cultural (DGPC) adoptou em Outubro uma nova orientação no que respeita aos seus pareceres sobre as obras sujeitas a licenciamento da Câmara de Lisboa. Por iniciativa do anterior director-geral, Nuno Vassalo e Silva, parte dos poderes delegados nos representantes da DGPC na comissão criada em 2007 para apreciar os projectos susceptíveis de afectar os bens patrimoniais protegidos foi avocada por ele próprio. Esta orientação foi reiterada no mês passado pela nova directora-geral, Paula Silva.

Pareceres da DGPC são obrigatórios e vinculativos em quase toda a cidade de Lisboa
A Comissão de Apreciação constituída por iniciativa do vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, tem como principal objectivo agilizar a apreciação dos projectos cujo licenciamento depende de parecer da DGPC. Constituída por dois técnicos desta direcção-geral e pelo director municipal de Urbanismo, a comissão reúne semanalmente e os pareceres emitidos são da exclusiva responsabilidade dos representantes da DGPC. Nos primeiros oito meses de 2014, a comissão emitiu um total de 726 pareceres, 91 dos quais foram negativos (13%), 218 de aprovação condicionada, nove de orientação e 404 de aprovação.
Tratando-se de pareceres vinculativos, os processos de licenciamento só podem ir por diante, em caso de parecer negativo de DGPC, se os projectos forem reformulados e acabarem por ser aprovados por este entidade. Só numa fase posterior é que eles são sujeitos a avaliação por parte dos serviços da câmara, que determinarão se os mesmos preenchem todos os requisitos legais e regulamentares para serem deferidos.
No dia 1 de Outubro, o então director-geral Nuno Vassalo e Silva dirigiu um ofício a Manuel Salgado no qual lhe comunicou que “sem prejuízo das demais intervenções” relativamente às quais os pareceres da DGPC continuam a ser emitidos pelos seus representantes na Comissão de Apreciação, os obras mais relevantes passavam a depender de “apreciação prévia” da própria direcção.
“Avoco os poderes delegados” foi a fórmula usada por Vassalo e Silva, para chamar a si as decisões referentes a todas as intervenções em imóveis, conjuntos e sítios classificados como de interesse nacional, ou de interesse público, e as referentes a intervenções de fundo em edifícios situadas nas respectivas zonas de protecção. Contactado ontem pelo PÚBLICO, o ex-director-geral garantiu que apenas pretendeu “assegurar uma defesa eficiente e eficaz do património”, recusando que a sua iniciativa seja vista como uma desautorização, ou uma prova de menor confiança nos seus representantes na comissão, arquitectos Flávio Lopes e Teresa Gamboa, cuja competência e dedicação elogiou. “Acho que chamar ao director-geral a responsabilidade nesses casos, que representam uma pequena parte do trabalho da comissão, reforça a política de defesa do património”, justificou.

No dia 14 de Janeiro, três dias depois da sua posse, a nova directorageral reiterou o essencial da posição do seu antecessor. No ofício que dirigiu a Salgado, Paula Silva diz que avoca os processos relacionados com intervenções em imóveis, sítios e conjuntos públicos, mas parece recuar no que toca às suas zonas de protecção. “Quanto às intervenções relativas às zonas de protecção, gerais ou especiais, consideramos que nada impede que se restabeleça a situação anterior”, lê-se no documento. No entanto, a nova directora já chamou a si a apreciação de um projecto referente a uma obra proposta para a Zona Especial de Protecção da Avenida da Liberdade. O PÚBLICO tentou obter comentários da DGPC e da Câmara de Lisboa, mas ainda não obteve resposta.

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