segunda-feira, 27 de julho de 2015

Queda a pique das bolsas chinesas faz tremer mercados ocidentais


Queda a pique das bolsas chinesas faz tremer mercados ocidentais
ROSA SOARES 27/07/2015 - PÚBLICO

Indicadores económicos e pânico dos investidores gera desvalorização de 8% nos índices chineses, a maior queda diária desde 2007.

Depois de três semanas de tréguas, as bolsas chinesas voltaram às quedas fortes, tão fortes que provocaram réplicas nos mercados ocidentais, com destaque para a desvalorização do petróleo e outras matérias-primas.

O principal índice da bolsa de Xangai, o SSE Composite, encerrou a perder 8,48%, e o CSI Index, da bolsa de Shenzhen, desvalorizou 8,56%. Em ambos os casos trata-se da maior queda diária dos últimos oito anos.

A forte queda das bolsas chinesas, onde se inclui ainda o expressivo recuo de 3,09% do principal índice da praça de Hong Kong (zona administrativa especial), voltou a ser empolada pelo pânico dos investidores na recta final da sessão. Quando faltava apenas uma hora para o encerramento, os índices das bolsas continentais apresentavam uma queda na casa dos 3%, mas a avalancha de ordens de venda levou ao descalabro que se seguiu, com mais de 1500 cotadas a ultrapassar a queda máxima de 10%, o que obriga à sua suspensão técnica. Também os contratos de futuros sobre índices registaram desvalorizações de 10%.

Na precipitação dos investidores para venderem as suas acções, boa parte delas compradas com recurso a crédito, esteve a informação, entretanto negada pela entidade supervisora da bolsa chinesa, de que a China Securities Finance Corp (CSFC), a entidade que reuniu empréstimos entre 2,5 e 3,0 mil milhões de yuans (entre 370 a 444 mil milhões de euros), teria interrompido a compra de acções, uma das medidas do Governo para estancar a queda do início do mês.

A preocupar os investidores continuam a estar os receios que os títulos estejam sobrevalorizados, numa altura em que os mais recentes indicadores mostram alguma travagem no ritmo de crescimento. Entre as más notícias macroeconómicas está a contracção do sector manufactureiro, medido pelo inquérito aos gestores de compras das empresas, o PMI (purchasing managers index), que em Julho caiu para o número mais baixo dos últimos 15 meses, e ainda a divulgação de um relatório oficial que mostra que os lucros do sector industrial da segunda maior economia mundial caíram 0,3% em Junho, face a igual período do ano passado.

A derrocada na sessão desta segunda-feira roubou metade dos ganhos acumulados nas últimas três semanas, que ascendeu a 16%, e que acontecerem depois de várias medidas accionadas pelas autoridades do país, com destaque para as compras por parte da CSFC, a proibição das vendas a descoberto, o adiamento de novas ofertas publicas de dispersão de capital (IPO na sigla inglesa). O longo pacote de medidas, que geraram algum desconforto no mercado por representarem um retrocesso na liberdade do mercado, inclui ainda a proibição dos accionistas com participações acima dos 5% de reduzirem as suas carteiras pelo prazo de seis meses.

As medidas governamentais, que incluíram ainda o anúncio de investigações a eventuais manipulações do mercado, acontecerem depois das quedas, da ordem dos 30%, verificadas desde Junho, que ainda assim estão longe de anular os fortes acumulados no último ano.

Crude a 47 dólares nos EUA
Os mercados bolsistas europeus, que arrancam no rescaldo das quedas dos asiáticos, mergulharam no “vermelho”. Entre as maiores quedas destacam-se as bolsas de Frankfurt e de Paris a recuar mais de 2,5%, com Lisboa a encostar aos 2%.

O Euro Stoxx 50, que agrega as 50 maiores companhias europeias caiu 2,41%, a reflectir quedas acima de 2% dos maiores bancos europeus, da petrolífera Total e Repsol, e até da Volkswagen (-1,9%) ou da marca de luxo Louis Vuitton (-3,07%). Estas quedas são explicadas pelo receio redução do consumo na China, agravado pela crise bolsista, como explicou Paulo Rosa, da sala de mercados do Banco Carregosa.

A queda das matérias-primas também está directamente relacionada com o receio de abrandamento da economia chinesa. O crude, referência para o mercado americano, caiu mais de 1%, para 47,5 dólares o barril e, em Londres, o brent deslizou 1,7%, para 53,6 dólares.

O Cobre desceu para mínimo de seis anos e ouro está em mínimo de cinco anos.


Para além da China, também está a pressionar um pouco as matérias-primas e as bolsas norte-americanas (que também abriram em queda) alguma incerteza face à reunião mensal da Reserva Federal norte-americana (FED),que começa esta terça-feira, e que tem em cima da mesa o início da subida das taxas de juro.

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