sexta-feira, 26 de junho de 2015

Lisboa investe 25 milhões de euros para requalificar 21 bairros municipais


Lisboa investe 25 milhões de euros para requalificar 21 bairros municipais

Estou a pagar as favas da falta de intervenção”, diz a vereadora da Habitação, lastimando que haja bairros que nunca tiveram obras

Reabilitação urbana Inês Boaventura / 26-6-2015 / PÚBLICO

A Câmara de Lisboa vai investir, até 2017, 25 milhões de euros na realização de obras em 21 dos 70 bairros municipais da cidade. “É um projecto ambicioso que urgia há muito tempo”, diz a vereadora da Habitação, reconhecendo que, “se houvesse mais dinheiro”, não faltariam “mais sítios onde fazer intervenções”.
É no Bairro do Condado (também conhecido como “Zona J” de Chelas), que fica na freguesia de Marvila e foi construído nos anos 80 do século passado, que vai ser feito o maior investimento: 2,6 milhões de euros vão ser usados para intervir nas zonas comuns, coberturas e empenas. Já no Bairro da Horta Nova, construído na década anterior e localizado em Carnide, estão previstas obras no valor de 2,5 milhões de euros, em coberturas e empenas.
Na lista dos 21 bairros que vão ser objecto de obras nos próximos anos segue-se a Alta de Lisboa, que se divide entre as freguesias de Santa Clara e Lumiar. Aí vão ser usados 2,4 milhões de euros, igualmente em coberturas e empenas. De acordo com dados da câmara, este é na Alta de Lisboa que se encontra o bairro municipal mais populoso da cidade, residindo nele mais de oito mil pessoas.
Numa informação escrita distribuída aos jornalistas, a vereadora da Habitação, Paula Marques, nota que embora o conjunto dos bairros municipais seja “bastante heterogéneo”, “as patologias” detectadas nos lotes que vão agora ser alvo de intervenção “são comuns a quase todos eles”, verificando-se que em muitos casos houve “erros de projecto e erros de construção”. Olhando para as empreitadas previstas em cada aglomerado verifica-se que em quase todos haverá obras nas coberturas e empenas.
Em dois bairros (Rego e Alfredo Bensaúde) vai haver uma aposta na arte urbana. Noutros dois haverá um “fecho de escadas” (Quinta do Ourives e Ameixoeira) e num (2 de Maio) serão substituídas janelas. Este último bairro será também alvo de uma intervenção nas zonas comuns, que se repetirá nos bairros Eduardo Bairrada (o único aglomerado em que vai também haver “reabilitação de fogos”), Bom Pastor, Quinta do Ourives, Condado e Flamenga.
“É um projecto ambicioso que urgia há muito tempo”, diz Paula Marques, cuja expectativa é concretizar a totalidade das intervenções “até 2017”. Esta quarta-feira a proposta que prevê o estabelecimento de um contrato-programa com a empresa municipal Gebalis com vista à concretização destas obras foi aprovada, com a abstenção do PSD e CDS. O documento segue agora para a Assembleia Municipal de Lisboa, onde se espera que possa ser discutido a 7 de Julho.
“Há bairros municipais que não têm intervenção desde que foram construídos”, lamenta a vereadora, frisando que por essa situação foram responsáveis “vários” executivos municipais e conselhos de administração da Gebalis, a empresa que gere os bairros municipais. “Estou a pagar as favas da falta de intervenção”, conclui Paula Marques.
“É evidente que não podemos agradar a gregos e a troianos”, admite a autarca dos Cidadãos por Lisboa, referindo-se ao facto de as obras agora anunciadas irem deixar de fora 49 bairros camarários. Também por isso, Paula Marques faz questão de publicitar quais foram os critérios, “claros e transparentes”, em que assentaram as opções feitas, opções que foram sujeitas à apreciação das juntas de freguesia da cidade entes de serem fechadas.

Entre esses critérios, explicou aos jornalistas, estão a análise técnica feita da necessidade das intervenções e a “perigosidade” de não as realizar, a avaliação dos custos de não intervenção nas “condições de habitabilidade” e o registo das reclamações feitas ao longo dos anos por residentes, associações de moradores e juntas de freguesia. Também teve peso na decisão a “dispersão” dos bairros pelo território e foi dada preponderância àqueles que são “100% propriedade municipal”, em detrimento dos que têm fogos já alienados. “Estamos cientes de que, se houvesse mais dinheiro, naturalmente teríamos mais sítios onde fazer intervenções”, reconhece Paula Marques.

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