segunda-feira, 20 de abril de 2015

PS. A hora H da alternativa de Costa / Por Luís Rosa.

“É para “pensar à grande” que o PS quer o investimento público”.
(...) “Os eleitores não são estúpidos. A maioria pode não conhecer as regras do Tratado Orçamental, mas sabe que a política de austeridade definida pela Alemanha continua a vigorar e que não há sinais de que vá terminar em breve - basta ver o que está a acontecer à Grécia, que se encontra numa via rápida para sair do euro. É por isso que não faz muito sentido o núcleo próximo de Costa veicular na comunicação social que é possível forçar a Europa a flexibilizar os objectivos do Tratado, tal como a França e a Itália estão a fazer. Pela razão simples de que nem Portugal tem o mesmo peso político na Europa que os países de François Hollande ou Matteo Renzi, nem a classe política portuguesa é conhecida por bater o pé em Bruxelas.”
Luís Rosa.

PS. A hora H da alternativa de Costa
Por Luís Rosa
publicado em 20 Abr 2015 in (jornal) i online

Esta semana vamos começar a ter uma ideia de como o PS pretende acabar com a austeridade quando a Alemanha não alterou a sua política e se prepara para deixar cair a Grécia do euro
Está a chegar a hora H para António Costa. Amanhã vamos começar a conhecer as propostas do PS para as eleições de Outubro. A partir do cenário macroeconómico para a próxima legislatura, definido por um grupo de economistas convidados pelo secretário-geral, os socialistas vão começar a explicar como conseguem acabar com a austeridade e financiar um plano de revitalização da economia.

Para já, sabemos que o líder do PS quer repor os cortes nos salários dos funcionários públicos e nas pensões (resta saber a que velocidade), repor o complemento solidário para idosos (prometeu ontem), criar um programa de reabilitação urbana, repor a cláusula-travão no IMI criada pelo governo de Sócrates, reduzir o IVA da restauração para os 13% e criar um novo apoio social para crianças desfavorecidas. Todas estas medidas têm em comum o aumento da despesa pública ou a perda de receita fiscal - facto que não é irrelevante tendo em conta que Portugal só deverá sair do procedimento de défice excessivo no final deste ano.

Tendo em consideração que António Costa quer promover o crescimento económico com a ajuda do investimento público, o primeiro desafio do programa do PS será precisamente explicar como será possível fazê-lo e, ao mesmo tempo, cumprir as regras do Tratado Orçamental, que obriga a uma redução do défice e da dívida pública. Será esse o teste do algodão do programa de Costa.

Os eleitores não são estúpidos. A maioria pode não conhecer as regras do Tratado Orçamental, mas sabe que a política de austeridade definida pela Alemanha continua a vigorar e que não há sinais de que vá terminar em breve - basta ver o que está a acontecer à Grécia, que se encontra numa via rápida para sair do euro. É por isso que não faz muito sentido o núcleo próximo de Costa veicular na comunicação social que é possível forçar a Europa a flexibilizar os objectivos do Tratado, tal como a França e a Itália estão a fazer. Pela razão simples de que nem Portugal tem o mesmo peso político na Europa que os países de François Hollande ou Matteo Renzi, nem a classe política portuguesa é conhecida por bater o pé em Bruxelas.

A actual maioria apresentou na quinta-feira passada, através da ministra das Finanças, as suas ideias- -chave para os próximos quatro anos, que se podem resumir numa promessa generalizada do princípio do fim da austeridade, de forma gradual e até 2019. Entre promessas de uma baixa generalizada de impostos na próxima legislatura, Maria Luís Albuquerque teve de dar o habitual tiro no pé - ou não estivéssemos perante um governo kamikaze -, que foi prometer igualmente um corte nas pensões para 2016 que pode atingir os 600 milhões de euros.


Já é claro que a maioria PSD/CDS e o PS têm concepções diferentes do país - e isso joga a favor de Costa. Como também é claro que a actual maioria terá sempre uma política de contenção orçamental e os socialistas defenderão a sua política de investimento público - não se sabe é com que dinheiro, o que beneficia a maioria. As cartas estão quase em cima da mesa. Resta saber se surgirá um joker chamado José Sócrates e quem beneficiará com isso.

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