domingo, 28 de setembro de 2014

Bater em Seguro era um dever. Bater em Costa será um prazer, por Henrique Raposo.


Bater em Seguro era um dever. Bater em Costa será um prazer
   
Henrique Raposo |
22:29 Domingo, 28 de setembro de 2014 in EXPRESSO online

1. Os militantes que se envolveram à pancada em Braga são a personificação do problema criado pelas primárias. Ao contrário do que se diz, muita democracia não é necessariamente boa democracia. Ou melhor: uma democracia não é só eleitoralismo. Um acto eleitoral é uma demonstração de força, não é uma demonstração de razão ou virtude. É um momento que causa fricção entre dois pólos, criando ódio e ressentimento. Abusar do acto eleitoral é forçar a sociedade a estar em permanente contacto com o ressentimento, é forçar a sociedade a ficar no lado mais primitivo das lealdades caninas. Foi isso que aconteceu nestas primárias primitivas. Ainda há pouco vimos isso na televisão. Enquanto Seguro fazia a declaração de derrota, a sala de Costa explodiu em alegria. O contraste fala por si. Mais: no seu discurso, António Costa não se dirigiu uma única vez a António José Seguro. Como é que esta gente se sentará à mesa num conselho de ministros?

2. Para mim, António Costa é um mistério. Participou nos governos que afundaram o país, mas tem "boa imprensa". A sala onde fez o discurso de vitória parecia um conselho de ministros do socratismo, mas tem "boa imprensa". Fez uma patética gestão da Câmara de Lisboa, mas tem "boa imprensa". Ou seja, Costa é uma daquelas personagens lisboetas que têm sempre "boa imprensa". Façam o que fizerem, digam o que disserem, passam sempre entre os intervalos da chuva e são sempre levados ao colo. Bastava ver a ansiedade dos jornalistas, "então Dr. Costa, já nos pode dizer que ganhou?", "então Dr. Costa, já vai fazer o discurso da vitória?" Podiam ao menos disfarçar um poucochinho. É por isso que será um prazer bater em Costa. Criticar Seguro era só um dever, mas criticar António Costa será mesmo um prazer. Até porque ficaram à vista três características que não o recomendam.

Em primeiro lugar, revelou um carácter vingativo na forma como não se dirigiu ao adversário desta noite. Em segundo lugar, está rodeado pela gente que enterrou o país, os socráticos. Só lá faltava o chefinho da tribo. Em terceiro lugar, António Costa revelou um patético vazio de ideias ao longo desta campanha. Costa não sabe a realidade que tem pela frente (interna e europeia) ou está deliberadamente a mentir aos portugueses. O que não surpreende, tendo em conta as companhias.


PS: Dizem-me que Paulo Campos já está nas TVs a comentar enquanto apoiante de Costa. Dizem-me, mas acredito. Não pode ser verdade, não é?

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