terça-feira, 26 de agosto de 2014

Jardim prometido a Lisboa para 2009 tem obras paradas há oito meses.

As estruturas de betão inacabadas e o quiosque já colocado no local dominam a paisagem do futuro jardim
Jardim prometido a Lisboa para 2009 tem obras paradas há oito meses
Sá Fernandes chegou a dizer que o novo jardim da Graça abriria em 2009. No ano seguinte António Costa prometeu-o para meados de 2011. Ontem Sá Fernandes disse que as obras vão ser retomadas em Setembro
José António Cerejo / 26-8-2014 / PÚBLICO

Esta já é uma séria candidata ao título de obra mais atrasada da Câmara de Lisboa: com data de conclusão prometida pela primeira vez para Setembro de 2009, depois para meados de 2011, a seguir para Setembro de 2013 e por fim para Abril de 2013, a construção do Jardim da
As estruturas de betão inacabadas e o quiosque já colocado no local dominam a paisagem do futuro jardim
Os trabalhos estão parados desde o Natal do ano passado e as máquinas foram levadas há vários meses. No local, junto à Calçada do Monte, nas traseiras do antigo convento e quartel da Graça, tudo o que se vê são os espaços vazios criados pelo abate de numerosas árvores de grande porte e as enormes estruturas de betão que hão-de marginar os caminhos já abertos. Fora isso, vê-se um enorme quiosque verde que lá foi plantado no começo da obra,.
Contactada pelo PÚBLICO, a Fitonovo, empresa à qual foi adjudicada a construção do jardim em Janeiro de 2013, afirmou, através de uma sua responsável, Adalgisa Vieira, que a interrupção da obras se ficou a dever ao facto de a câmara não pagar as facturas a tempo. O vereador da Estrutura Verde, Sá Fernandes, negou porém que esse fosse o motivo. A paragem dos trabalhos, afirmou ontem por escrito, deveu-se a “contingências da empreitada”, acrescentando apenas que eles serão retomados no início de Setembro.
Nos termos contratuais, a empreitada custará 799 mil euros e a sua duração seria de 605 dias, pelo que deveria estar terminada no próximo mês. Apesar de esse ser o prazo previsto no contrato, Sá Fernandes fez saber no princípio da obra que ela estaria concluída em Setembro do ano passado, um ano antes da data contratual. A última vez que o autarca se pronunciou sobre a data previsível para a abertura do novo espaço foi em Janeiro deste ano, já depois de a obra ser interrompida, em declarações ao blogue de informação local O Corvo. “Não me quero comprometer com um dia, mas, se tudo correr bem, o jardim será inaugurado, certamente, em Abril”, afirmou.
A razão da paragem dos trabalhos, disse então, prendia-se com o facto de ali terem sido descobertas “ossadas de mais de cinquenta cadáveres” e com a chuva que tinha caído nas semanas anteriores. Nessa altura, Sá Fernandes afirmou que a empreitada seria relançada logo que as condições meteorológicas o permitissem. Até hoje, nada ali voltou a ser feito.
A construção do novo espaço levou a câmara a abater um grande número de árvores logo no princípio do ano passado, por forma a poder implantar nos cerca de dois hectares da íngreme encosta o projecto desenvolvido nos seus serviços.
O projecto prevê a criação de um relvado central, estando as zonas mais declivosas destinadas a miradouros e parque de merendas. No futuro, segundo informou a autarquia em Janeiro do ano passado, haverá também “um equipamento do ramo alimentar e equipamento juvenil e infantil”. No total está projectada a plantação de 178 árvores, entre as quais 32 amendoeiras, 28 medronheiros, 18 pereiras e 14 ciprestes.
A transformação da cerca do antigo Convento num espaço público tornou-se possível depois de a câmara ter aprovado, em 2009, por proposta de António Costa, a suspensão do Plano Director Municipal naquela zona. A decisão teve por objectivo viabilizar a intenção do Ministério da Defesa de vender o antigo convento, classificado como monumento nacional, para ele ser transformado em hotel — coisa que não seria possível à luz do PDM então em vigor.

Foi na sequência dessa decisão que o município e o Ministério da Defesa celebraram um protocolo através do qual os terrenos da encosta foram cedidos à autarquia. No dia da assinatura, em Abril de 2010, António Costa afirmou que o novo jardim estaria pronto um ano depois.

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