segunda-feira, 30 de junho de 2014

“Dias negros”. Fórum quer novo congresso de jornalistas


“Dias negros”. Fórum quer novo congresso de jornalistas
Por Marta F. Reis
publicado em 30 Jun 2014 in (jornal) i online

Manifesto lançado pela plataforma reúne 40 assinaturas e pede a convocação de um congresso ao sindicato com máxima urgência
O Fórum dos Jornalistas, que reuniu na quinta-feira passada na Casa da Imprensa, considera que a liberdade de imprensa sofre "um dos momentos mais negros da sua história" e propõe ao Sindicato dos Jornalistas a realização de um congresso para discutir o presente e o futuro da profissão. Esvaziamento das redacções, precariedade e concentração da propriedade são algumas das ameaças apontadas num manifesto que reuniu até ao momento 40 assinaturas. No texto, tornado ontem público, a plataforma de discussão afirma que estas questões não são exclusivas do jornalismo mas lembra que esta é uma profissão com responsabilidades específicas e está em risco. "Em causa está o próprio paradigma do direito e do dever de informar como sustentáculos fundamentais de uma sociedade moderna, livre e democrática", lê-se no documento.

Num comunicado também divulgado ontem, o fórum informa que decidiu criar três grupos de trabalho que vão dar continuidade às reflexões que têm tido lugar no âmbito desta plataforma desde 2011.

Um dos grupos tem como objectivo traçar o diagnóstico da situação da profissão, com um levantamento do número de desempregados, publicações e meios encerrados assim como informação sobre a centralização da propriedade das empresas nacionais. A par disto, promoverá iniciativas de "sensibilização do público para a degradação das condições de trabalho e as suas consequências para a liberdade de imprensa e democracia." Outro grupo foi criado no sentido de colaborar com o sindicado para a organização de um congresso e o terceiro vai planear acções de luta e protesto.

A hipótese de uma greve geral é um dos temas em cima da mesa mas o fórum tem também planos para discutir algumas iniciativas como a criação de um espaço de coworking para precários e cooperativas. Os trabalhos arrancam em Julho e em Setembro haverá um novo encontro para discutir progressos.


No manifesto, os signatários classificam o recém-anunciado despedimento colectivo na Controlinveste - proprietária da TSF, "Jornal de Notícias" ou "Diário de Notícias" - como "mais um golpe no panorama informativo". Mas ressalvam que o processo de "editorias devastadas e partes significativas sem cobertura" tem décadas. "Como garantir qualidade informativa sem meios? A falta de tempo, a superficialidade, as redacções amorfas, a precarização não são problemas novos. Temos grande responsabilidade pelo estado a que chegámos. Essa responsabilidade é colectiva mas começa por ser individual. Temos de ser exigentes com cada um de nós, com o colega do lado, com a chefia intermédia, a direcção e a administração", apelam. Não prescindir de eleger conselhos de redacção, comissões de trabalhadores e delegados sindicais é um passo para a mudança que consideram obrigatória.

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