sexta-feira, 27 de junho de 2014

Derrocada. Acções de PT, BES e ESFG perdem 750 milhões do valor em bolsa num só dia


Derrocada. Acções de PT, BES e ESFG perdem 750 milhões do valor em bolsa num só dia
Por Ana Suspiro
publicado em 28 Jun 2014 in (jornal) i online

Governo está a acompanhar a situação há meses, mas ministra das Finanças não teme pela estabilidade financeira do banco
Foi mais um dia negro para os accionista do Banco Espírito Santo e da Espírito Santo Financial Group. Ontem as acções do BES derraparam mais de 11%, o que se traduz numa desvalorização de 523,1 milhões de euros em apenas um dia

A queda relativa mais acentuada foi sofrida pela holding financeira da família, a Espírito Santo Financial Group (ESFG), cuja cotação deu um trambolhão superior a 18%. A ESFG perdeu ontem mais de 80 milhões da sua capitalização bolsista.

Mas a principal novidade foi o contágio da crise do Grupo Espírito Santo (GES) à Portugal Telecom, empresa na qual é um dos maiores accionistas. As cotações da PT, que é um dos principais activos da família, a par do banco, sofreram o impacto de notícias sobre o financiamento a uma das holdings não financeiras do GES. Tal como o i também noticiou, a Portugal Telecom investiu 900 milhões de euros de fundos de tesouraria em papel comercial (dívida) da Rio Forte, uma holding não financeiras do GES. Esta aplicação a três meses vence no final de Julho, quando a Rio Forte terá de reembolsar os 900 milhões de euros à PT, para que esta possa pagar aos obrigacionistas de uma emissão que vence em Agosto.

As dúvidas sobre a capacidade da Rio Forte e do GES de refinanciar este empréstimo acabaram por penalizar ontem fortemente as acções da Portugal Telecom, que deslizaram 5,64%. O valor da PT caiu 146 milhões de euros. Os analistas da unidade de investimento do BPI alertaram para os "riscos reputacionais" que podem prejudicar as acções da operadora portuguesa e da Oi, devido ao envolvimento em negócios do Grupo Espírito Santo.

No total, as acções das três empresas no olho do furacão GES perderam cerca de 750,6 milhões de euros do seu valor em apenas um dia. Este impacto arrastou a Bolsa de Lisboa para o vermelho com o índice PSI 20 a cair mais de 1,5%.

Os títulos ligados ao Grupo Espírito Santos têm acentuado as desvalorizações na sequência não só das dificuldades e irregularidades vividas na área não financeira, mas também pelas dúvidas sobre a sucessão de Ricardo Salgado no BES. A queda das acções do banco é a que maior dimensão tem em termos financeiros. No último mês, os títulos caíram mais de 27,5%, o que traduz uma perda de 1,5 mil milhões de euros, valor que é superior ao encaixe realizado com o aumento de capital. Na ESFG, que é a maior accionista do BES, o trambolhão é superior a 40% no último mês.

Apesar destes números expressivos, a ministra das Finanças mostrou-se ontem confiante na estabilidade financeira do BES. "Não temos qualquer informação de potenciais problemas de estabilidade financeira", disse Maria Luís Albuquerque, em resposta a perguntas dos deputados do PCP e do Bloco de Esquerda sobre o efeito sistémico ou nas contas públicas dos problemas do GES. A ministra lembrou que o BES fez um aumento de capital bem sucedido, o que é contributo para a estabilidade. Revelou ainda que o governo acompanha há meses a situação no grupo com o objectivo de salvaguardar a estabilidade financeira do banco e do sistema.


Sobre o GES, Maria Luís afastou a hipótese de intervenção do governo na resolução dos problemas de um grupo privado. Na semana passada foi noticiado que o executivo negou um pedido de Ricardo Salgado para a Caixa liderar um sindicato bancário para emprestar fundos ao Grupo Espírito Santo.

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