sábado, 17 de maio de 2014

Museu do Brinquedo de Sintra fecha no final de agosto




Falta de viabilidade
Museu do Brinquedo de Sintra fecha no final de agosto

por Lusa in DN online / 15-5-2014
A Fundação Arbués Moreira anunciou hoje a intenção de encerramento o Museu do Brinquedo de Sintra no final de agosto, devido à queda de visitas e por não ser possível assegurar a sustentabilidade financeira.

"A nova lei das fundações foi cega e o pouco apoio que o Museu do Brinquedo recebia foi cortado", disse à agência Lusa João Arbués Moreira, filho do criador da Fundação Arbués Moreira, que desde 1989 expõe "uma das maiores coleções de brinquedos do mundo" em Sintra.

O museu, na vila há 26 anos, e desde 1997 num antigo quartel de bombeiros, no centro histórico, "vive muito da bilheteira", admitiu João Arbués Moreira, acrescentando que no último ano "as receitas caíram 20%".

Entre janeiro e abril deste ano, o museu registou cerca de 7.000 visitantes, contra 8.200 no mesmo período de 2013.

A quebra nas visitas atingiu as famílias, mas também as escolas, que deixaram de ter apoio para fretar autocarros para transportar as crianças.

O museu, que expõe "mais de 60.000 exemplares de diferentes brinquedos, que representam a História da Humanidade desde o século XVII aos nossos dias", recebeu já mais de 900.000 visitantes.

Face à "presente conjuntura nacional, aliada ao abandono por parte do Estado de apoios à cultura, e de Sintra", o museu "não tem a possibilidade de manter a sustentabilidade financeira da sua atividade museológica, para além do mês de agosto", anunciou hoje a fundação.

"Não se alterando esta situação, o Museu do Brinquedo de Sintra encerrará no dia 31 de agosto de 2014", acrescenta o comunicado.

João Arbués Moreira confessou ser uma decisão difícil de tomar, mas justifica-a com a necessidade de não acumular prejuízos.

Ameaçados estão sete postos de trabalho do museu, um encargo anual na ordem dos 120 mil euros.

A Câmara de Sintra ficou impedida, desde dezembro, de atribuir um subsídio mensal de cinco mil euros e de ceder gratuitamente o edifício, na sequência da nova legislação que regula o financiamento das fundações.

A fundação recusou a primeira proposta de novo protocolo com a Câmara, devido à exigência de devolução do edifício como tinha sido entregue, e aguarda por uma nova reunião ainda este mês para conhecer a posição da autarquia.

"Há uma abertura da Câmara de Lisboa para ter o museu, mas não temos mais desenvolvimentos", admitiu João Arbués Moreira, reconhecendo que em cidades como a capital ou Porto será mais fácil atrair visitantes.

Em municípios da periferia haverá sempre a necessidade de apoio para assegurar a sustentabilidade do museu.

O museu firmou em fevereiro um protocolo com a Fundação Montepio, mas o apoio financeiro em troca de condições especiais de acesso para associados da instituição mutualista revelou-se insuficiente.

"A Câmara legalmente não pode apoiar fundações. O que fizemos foi comprar entradas para as nossas escolas. Se o museu não tem viabilidade económica não podemos fazer nada", disse à Lusa o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS).

O autarca não ficou "totalmente surpreendido" com o anúncio de fecho do museu e notou que a câmara cede o edifício "por uma renda simbólica".

Basílio Horta mostrou-se disponível para analisar a situação com a fundação, mas reiterou que o município não pode prestar outro tipo de apoio, "porque a fundação é uma entidade privada

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