terça-feira, 29 de abril de 2014

Primeiro debate televisivo entre candidatos à sucessão de Barroso centrou-se na crise económica


Primeiro debate televisivo entre candidatos à sucessão de Barroso centrou-se na crise económica
ISABEL ARRIAGA E CUNHA 28/04/2014 – PÚBLICO

As ideias do liberal belga Guy Verhofstadt foram as mais inovadoras, mas a verde alemã Ska Keller, a mais jovem, surpreendeu.

Nenhuma grande novidade emergiu do primeiro debate televisivo entre os quatro principais candidatos à sucessão de Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, mesmo se Guy Verhofstadt, o líder dos liberais, conseguiu sobressair com as ideias mais inovadoras para resolver a crise social, económica e financeira europeia.

O debate de 90 minutos, realizado em inglês na universidade de Maastricht, na Holanda, perante uma assembleia de jovens, foi transmitido em directo pela cadeia de televisão Euronews, mas não se sabe que audiência teve. Um segundo debate do mesmo tipo está já previsto para 15 de Maio, nas instalações do Parlamento Europeu (UE).

O candidato da esquerda europeia, o grego Alexis Tsipras, foi o único que recusou participar neste debate, enquanto a extrema-direita, que não está estruturada num partido europeu, não tem um candidato oficial.

Embora os cidadãos não tenham o poder de eleger o futuro presidente da Comissão Europeia, os partidos europeus querem forçar os Governos da UE a escolher o chefe de fila do partido mais votado para o cargo, o que anuncia um aceso debate logo a seguir às eleições europeias de 22 a 25 de Maio.

A novidade em termos de personalidade entre os candidatos presentes foi fornecida pela verde alemã Franziska Maria – Ska – Keller –, de 33 anos por se tratar da única mulher e ser uma novata nas lides europeias. Mesmo assim, o seu discurso revelou-se algo vago sempre que saiu das suas áreas de defesa de uma economia “sustentável” para a Europa ou dos direitos cívicos.

Perante uma plateia de estudantes, todos os candidatos assumiram como prioridade número um a resolução do problema do desemprego, sobretudo dos jovens.

Martin Schulz, alemão de 58 anos indicado pelos socialistas, defendeu que é preciso mais dinheiro para reduzir o desemprego juvenil, o que foi de imediato criticado pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker, 69 anos, chefe de fila dos democratas-cristãos (PPE) e pelo belga Guy Verhofstadt, líder dos liberais, ambos defensores de finanças públicas sãs e do fim do endividamento.

Juncker procurou por seu lado distanciar-se das políticas de austeridade impostas a vários países, e defendeu a instituição de um salário mínimo ao nível europeu.

Os dois candidatos, que segundo as sondagens são os que têm maiores probabilidades de vir a suceder a Barroso, garantiram que farão tudo para que a zona euro avance para a emissão pelo menos parcial de dívida em comum (eurobonds), mas reconheceram que os Governos da UE ainda não estão preparados para dar esse passo.

Em termos programáticos, no entanto, foi Guy Verhofstadt, ex-primeiro ministro belga de 61 anos, que assumiu o discurso mais articulado sobre a necessidade de a UE dar um novo salto na integração europeia com a integração dos mercados de capitais, digital e energético enquanto motor de crescimento económico para sair da crise. “É preciso um novo tipo de liderança para a Europa”, defendeu, suscitando os aplausos da assembleia quando sugeriu repetir o método integracionista de Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995.


Todos defenderam igualmente a necessidade de recolocar a  Comissão Europeia no centro da arquitectura institucional europeia face ao conselho de ministros da UE e ao Parlamento Europeu. Todos, sem excepção criticaram com maior ou menor dureza Durão Barroso, por ter colocado a sua instituição na dependência política dos Governos e por se ter recusado a desempenhar o seu papel de motor da integração europeia para ultrapassar a crise.

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