terça-feira, 3 de setembro de 2013

Paulo Morais, líder da Associação Cívica Transparência e Integridade, acusa "poder local de ser fonte de máfias".



Ex-vice-presidente de Rui Rio acusa promotores imobiliários de "dominarem a vida política"



Paulo Morais, líder da Associação Cívica Transparência e Integridade, acusa "poder local de ser fonte de máfias"
Paulo Morais, antigo vice-presidente de Rui Rio na Câmara do Porto e actual líder da Associação Cívica Transparência e Integridade, garante que "é no poder local que reside a principal fonte das "máfias" que dominam a política portuguesa" e que este sistema "está alicerçado em negócios imobiliários pouco transparentes".
Convidado pelo CDS de Portimão para falar anteontem à noite sobre Saneamento financeiro e autarquias, Morais defendeu não apenas uma mudança de actores políticos, mas também uma maior exigência dos cidadãos." A maioria dos departamentos de urbanismo das câmaras, denunciou, "devia ter lá escrito - tráfico de solos". "Temos um urbanismo que destrói a própria democracia", acusou.
Para Paulo Morais, os promotores imobiliários dominam a vida política, de forma directa e indirecta, "porque mandam no presidente da câmara ou no vereador do urbanismo, ou porque têm negócios de qualquer outro tipo". A situação mais comum, exemplificou, prende-se com a alteração da categoria dos solos inseridos na Reserva Agrícola Nacional (RAN) ou Reserva Ecológica Nacional (REN) em zonas urbanizáveis, com mais-valias de milhões. "Tenho uma base de dados com cento e tal casos deste tipo", acrescentou o líder da Associação Cívica Transparência e Integridade, que é também professor universitário e investigador na área da Matemática e Estatística.
As eleições do dia 29 de Setembro, disse, apresentam-se como momento "único" para mudar o estado das coisas, porque mais de metade dos autarcas vai deixar de ser presidente de câmara, por via da limitação de mandatos. "Estamos perante uma oportunidade de mudar o panorama do poder local, se conseguirmos todos, enquanto cidadãos, que sejam mudados os actores, mas também as práticas", disse.
Em Portimão, os centristas, em coligação com o MPT e o PPM, disputam a presidência da câmara, numa lista encabeçada por José Pedro Caçorino, alargada a candidatos independentes e alguns dissidentes do PSD, PS e até da CDU. A abrangência partidária, justificou o candidato, vem de encontro ao "sentimento da população" que tem vindo a reclamar uma "alternativa ao despesismo, ao caciquismo e ao nepotismo" do PS, que domina o município há 37 anos.
Paulo Morais criticou os "patos-bravos do urbanismo", mas escusou-se a comentar os exemplos locais. "A democracia portuguesa está doente, tem estado cada vez mais doente nos últimos anos e a origem de tudo isso está no poder local", denunciou. O próximo acto eleitoral, pela possibilidade de renovação dos dirigentes e pelo facto de surgirem num contexto de crise, sublinhou, deve estimular a participação cívica. A maioria dos autarcas, disse, "só tem, normalmente, dois tipos de preocupações: arranjar negócios para os financiadores dos partidos e arranjar empregos para os apaniguados". Sobre a forma como se geram cumplicidades político-partidárias, ironizou: "Quem tem 15 votos ganha o emprego; 150 votos é promovido a chefe de divisão, e quem tem mil votos, provavelmente é director municipal".
A candidata do PS à presidência da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, anunciou que, caso seja eleita, uma das suas primeiras medidas que irá tomar é pedir uma auditoria às contas da câmara. Desta forma pretende distanciar-se do vice-presidente do executivo, Luís Carito, detido em casa por suspeita de participação em acto ilegais levados a cabo pela Portimão Urbis - Sociedade de Gestão e Reabilitação Urbana.

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