quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Dez Anos Depois ... Reabertura do Rijksmuseum, por António Sérgio Rosa de Carvalho 12/4/2013. Museu reabriu em Abril, depois de renovado, e já tem um peso maior no PIB e atrai cada vez mais turistas a Amesterdão.


O novo Rijksmuseum já conta muito na economia holandesa


Museu reabriu em Abril, depois de renovado, e já tem um peso maior no PIB e atrai cada vez mais turistas a Amesterdão

Quando um país europeu como a Holanda investe 375 milhões de euros na renovação do seu museu nacional, um dos mais importantes do mundo, não tenciona tirar dele dividendos meramente culturais. O impacto que uma instituição como o Rijksmuseum tem na economia é assunto sério e merece, por isso, ser analisado ao pormenor. Foi precisamente o que fizeram agora os seus responsáveis através da consultora Booz & Company, cinco meses após o museu ter reaberto depois de dez anos de obras que transformaram por completo esta casa que é também a de pintores como Rembrandt, Vermeer, Frans Hals e Mondrian.
Num relatório que foi divulgado esta quarta-feira, a firma de consultoria estima que o Rijksmuseum venha a revelar um impacto económico de 235 milhões de euros até ao final de 2013, 80% dos quais devido a um aumento muito significativo do seu número de visitantes. Até ao encerramento para obras, o museu recebia em média 923 mil visitantes por ano (70% estrangeiros), mas em 2013 e 2014, prevê-se que venha a receber 1,5 e 1,7 milhões respectivamente. O número deverá estabilizar nos 1,5 milhões/ano no triénio 2015-2017, o que permitirá ter um orçamento equilibrado.
A equipa do museu está confiante no crescimento de público porque, entre a data da reabertura (13 de Abril) e o dia 23 de Agosto, um milhão de pessoas percorreram as magníficas galerias de exposição. Uma tão grande afluência de público em quase cinco meses pode ser explicada pelo factor novidade, mas é também um reflexo da curiosidade e interesse que a instituição desperta.
Para Wim Pijbes, o seu director, não há dúvidas: "É agora evidente que o investimento no novo Rijksmuseum teve consequências que ultrapassam as paredes do próprio edifício", lê-se na introdução ao relatório, co-assinada com o vice-presidente da Booz & Company, Haein van Beuningen. "Estes resultados provam que a velha sabedoria de Jonh Paul Getty [filantropo e coleccionador britânico nascido nos Estados Unidos] ainda é verdadeira: as belas artes são o mais belo investimento."
Fazer o balanço do impacto económico e social (este mais sensível porque não depende exclusivamente de variáveis quantificáveis) do Rijksmuseum implica mexer em múltiplas variantes. Isto porque, afinal, os visitantes do museu são visitantes da cidade - e isso deixa os hoteleiros, donos de restaurantes e lojas, e até a companhia aérea KLM muito satisfeitos.
Emprego e prestígio
Os museus levam à reflexão, estimulam a criatividade e o sentimento de pertença, mas devem ser vistos também, e cada vez mais, como importantes agentes de desenvolvimento, defende a Booz & Company num estudo que não diz respeito apenas ao período de renovação (2003-2013), mas que se prolonga em estimativas até 2017: "Como empregadores, e através de despesas directas e indirectas, [os museus] têm um papel importante e quantificável na economia."
Os consultores estimam que o total combinado das despesas do Rijksmuseum (quer nas suas actividades, quer na renovação) e a percentagem de gastos dos turistas relacionada com o museu venha a ascender a 5,7 mil milhões de euros entre 2003 e 2017, o que representará uma contribuição de três mil milhões de euros para o PIB no mesmo período (uma média anual de 200 milhões de euros). "O impacto económico do Rijksmuseum mostra claramente uma linha ascendente", escrevem os analistas, que garantem que, pós-renovação, o contributo do museu para o PIB pode vir a aumentar de forma estável 90 milhões de euros (80% deste valor resulta de uma maior despesa dos visitantes).
O impacto económico mede-se, também, pelas possibilidades de trabalho geradas no museu e no turismo com ele relacionado. Contas feitas mostram que, em média, durante os dez anos de renovação o Rijksmuseum criou o equivalente a 2600 oportunidades de emprego a tempo inteiro, um número que, pós-reabertura, deverá estabilizar nas 3700.
Mais difícil de avaliar, mas igualmente importante, é o seu impacto social. Além de ter elevado os padrões de qualidade das instituições culturais de Amesterdão, nomeadamente no que respeita à investigação científica, o renovado museu aumentou a capacidade da cidade de atrair visitantes holandeses e estrangeiros: em termos domésticos, contribui para um reforço identitário, transformando-se naquilo a que os analistas chamam já um "ícone da nação"; a nível internacional, reforçou o prestígio da principal colecção de arte e história do país, colocando o Rijksmuseum na rota dos museus que é obrigatório ver.
"A pesquisa internacional sugere que os grandes museus como o Rijksmuseum são elementos cruciais no bem-estar económico e social de uma cidade. Mas fazem muito mais do que isso", diz, citado pelo museu, Tony Travers, director de um centro de investigação ligado à London School of Economics, invocando cidades como Londres, Paris e Nova Iorque. "Amesterdão, tal como outras grandes cidades europeias, precisa de ser flexível e de se reinventar se quer continuar a atrair negócio, turismo e talento criativo." É por isso que, defende, "o Rijksmuseum contribui de muitas maneiras para o futuro económico e cultural da cidade e do país".


 Dez Anos Depois ... Reabertura do Rijksmuseum, por António Sérgio Rosa de Carvalho. 12/4/2013

Finalmente !! Depois de 10 anos de Obras/ Restauro, o Rijksmuseum em Amsterdão, abre as suas portas.( Abertura Oficial a 13 de Abril )
Hoje, é a abertura/ preview para o "mundo" dos Historiadores de Arte/ Arquitectura, da Cultura e dos Museus ... e vou estar presente.
Acima de tudo ... fascinante e possível fonte de inspiração e de Pedagogia para a nossa Classe Arquitecta, sempre obcecada em deixar assinaturas pessoais e "reintepretar" Património Arquitectónico, reduzindo e depurando as características históricas dos Interiores dos Monumentos ... é a Filosofia de Intervenção e Renovação aplicada na cuidada intervenção.
Assim,  Antonio Cruz en Antonio Ortiz, Arquitectos de Sevilha foram precisamente escolhidos pelas suas características altamente respeitadoras do Património Arquitectónico e sua sensível capacidade de contextualização.
O fabuloso edifício de Pierre Cuypers tem 125 anos ( 1885.)
Pierre Cuypers foi o Viollet-le-Duc holandês. Ele constitui a manifestação Holandesa do "Gothic Revival" e a sua vasta obra ilustra as "encruzilhadas" dialécticamente "renovadoras" de uma tradição internacional mista de Identidade Religiosa/ Arts and Crafts/ Gothic Revival,  comparável a Pugin, Ruskin e George Gilbert Scott em Inglaterra e Viollet-le-Duc em França.
A filosofia de Restauro foi determinada pela vontade de eliminar acrescentos posteriores à pureza do Projecto Original de Cuypers e de restaurar os fabulosos interiores e a sua magnifíca Policromia Neo-Gótica.
António Sérgio Rosa de Carvalho.


Rijksmuseum Amsterdam ca 1895









O Director à espera da Ronda da Noite de Rembrandt.

Este famoso quadro vai ficar exactamente no mesmo sítio planeado por Cuypers.

O Centro estratégico do edifício.


A intervenção seguiu o Princípio : "CONTINUAR COM CUYPERS"

Continue with Cuypers


A fabulosa e intacta Biblioteca, agora completamente Restaurada/Visitável


Inteligentemente e de forma absolutamente respeitadora os Arquitectos "libertaram" os dois páteos intermidiários , criando dois Fóruns/ Vestibulos de Distribuição e de lazer/contacto-social, com cafetaria e largueza de espaço e perspectiva.
Curiosamente toda a Intervenção ilustra uma "Victória" do Século XIX sobre o Modernismo ... ou ... uma "inversão dialéctica" do curso da História.
Um "sinal dos tempos" numa Europa em plena crise Económica com Outros Sentimentos e Ansiedades Civilizacionais, em busca de uma  Identidade mais profunda ?  
António Sérgio Rosa de Carvalho.










3 comentários:

Anónimo disse...

Há muito tempo que sigo aquilo que escreve e reconheço o seu profundo conhecimento e a dedicação àquilo que defende. Por isso tudo tenho por si o maior respeito. Mas faz-me muita impressão a dualidade de critérios com que critica o que se faz em Lisboa e com que ataca constantemente a classe nacional de arquitetos, e depois louva esta intervenção, onde o impacte dos paineis solares no telhado é simplesmente gritante e onde a tal zona onde foram criados os dois pátios é nada mais do que a "assinatura" de arquiteto que tanto abomina. Ainda por cima, neste caso, é uma assinatura esteticamente pavorosa, parece um gradeamento de pernas para o ar pregado no tecto!

jeeves/ASRdeC disse...

Caro Anónimo,
Muito Obrigado pelo seu comentário, que li com o maior interesse.
Os dois interessantes pátios originais do edificio de Cuypers encontravam-se fechados, esquecidos e o público não tinha acesso aos mesmos.
Ao serem restaurados em toda a sua riqueza decorativa/policromática juntamente com as suas gigantescas clarabóias de arquitectura de ferro e reactivados, criaram-se assim dois novos grandiosos vestíbulos e plataformas de distribuição do público, tal como no Louvre. Aliás, esta experiência inicia-se logo na galeria/passagem exterior que permite visualizar já de cima os mesmos vestíbulos, também tal como no Louvre.Quanto ao gradeamento/assinatura,no tecto/cobertura a que se refere, embora compreenda a intenção de criar intimidade, também o dispensava pois considero que intervém de forma demasiado presente/afirmativa e neutraliza a notável arquitectura/ cobertura original de ferro em "Gothic Revival".

Anónimo disse...

Obrigado pela sua resposta.
Eu concordo com tudo o que diz, também me parece que aquela possa ser uma boa solução.
Só acho que a sua crítica é demasiado "aguda" em casos semelhantes que se passam em Lisboa (exemplo: Museu do Dinheiro).