quarta-feira, 24 de julho de 2013

Rui Machete O regresso do barão com ligações ao BPN e BPP.


Rui Machete O regresso do barão com ligações ao BPN e BPP

Caso o país tivesse tido a oportunidade de assistir à totalidade do último conselho nacional do PSD, teria assinalado a singularidade de ter sido Rui Machete o primeiro a discursar logo após a intervenção inicial de Pedro Passos Coelho. Relatam alguns que testemunharam a reunião que Machete - que há muito estava afastado da vida política activa e até dos encontros internos do PSD - pediu a palavra para uma intervenção muito elogiosa ao líder, sublinhando o realismo do primeiro-ministro.
Os elogios ao actual líder social-democrata não eram hábito regular de Machete nos últimos meses. Em Abril deste ano, aos microfones da Rádio Renascença defendera um pacto de regime, criticando o facto de não haver consenso. "Eu não estou a dizer que a responsabilidade seja exclusivamente imputável ao PS, porque os partidos que estão no Governo, em particular o PSD, digamos, não fez grandes esforços para manter presente na cabeça dos socialistas que eles também assinaram o memorando de entendimento." E em Setembro do ano passado foi aos estúdios da TSF criticar as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo de que vai fazer parte. "Parece que se está a pedir um sacrifício exagerado. A sensação que tenho é que as medidas são desproporcionadas em relação às necessidades actuais, visto que há aspectos que estão a ser cumpridos, e não está pensada uma estratégia correcta. Nesse aspecto estou francamente contra a generalidade e a forma como as medidas são tomadas."
Mas as dúvidas em relação ao executivo parecem agora ultrapassadas, com Passos a conquistar para o Governo um barão do PSD. Tem um currículo político impressionante quando comparado com outros com quem vai partilhar o Conselho de Ministros. Foi o último presidente do PSD antes da era cavaquista, era que se ergueu das cinzas de um bloco central, onde Machete herdou o lugar e papel de Mota Pinto, nesse arranjo entre o seu PSD e o PS de Mário Soares. Foi vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa do IX Governo liderado pelo histórico socialista. O desmoronar desse Bloco Central, executado por Cavaco Silva, empurrou-o para um exílio dourado de dezenas de anos - a partir de 1985 - para a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Com o passar dos anos, os norte-americanos começaram a cansar-se da aparente independência em relação a Washington com que geria a fundação. Quando saiu em 2010, assumiu ao Expresso que o fazia "cansado dos aborrecimentos com embaixadores".
Durante esses anos acumulou outros cargos. Alguns ficarão como uma mancha no seu currículo profissional. A presidência, durante muitos anos, do conselho superior da SLN, que reunia os principais accionistas do grupo SLN/BPN rendeu-lhe críticas dos partidos da oposição aquando da sua nomeação para a Caixa Geral de Depósitos. Afinal, ocupou um lugar com poder de "fiscalização" num banco que resultou num enorme buraco para o Estado. E os maus negócios não se limitaram ao BPN. Esteve ligado ao Banco Privado Português (BPP), onde foi membro também do conselho consultivo, e onde adquiriu cerca de 3% das acções, investimento que a FLAD perdeu quando o banco declarou falência.

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