terça-feira, 11 de junho de 2013

Refer tenta bloquear entrada de Silva Rodrigues, envolvido no caso de swaps.

"Mas nessa situação haverá uns 400 gestores neste país!", ironizou Brancaamp Sobral, que explicou que "naquele tempo" isso era uma situação normal. "Havia a tendência de criar lugares de recuo para gestores que eram nomeados várias vezes para empresas públicas e podiam estar três, seis ou 12 anos nas administrações e um dia ficarem no desemprego", disse.

"Achava-se normal que o Estado tratasse bem as pessoas que estavam em cargos de nomeação durante vários anos e que tinham uma experiência acumulada que poderia ser útil", acrescentou, sublinhando que isto era então normal e "fez parte de uma época".
Domingo, 9 de Junho de 2013 (Público)

Vindo da Carris, Silva Rodrigues tinha sido convidado pelo actual Governo para assumir a liderança da fusão com a Metro de Lisboa


Refer tenta bloquear entrada de Silva Rodrigues, envolvido no caso de swaps.
Por Carlos Cipriano
12/06/2013

O ex-presidente da Metro de Lisboa/Carris, demitido pelo Governo por causa dos contratos de alto risco, tem um lugar à espera na Refer. Mas a empresa quer evitar assumir contratação, quando está a reduzir pessoal

Num momento em que a Refer está a rescindir dezenas de contratos de trabalho com os seus colaboradores, a entrada de Silva Rodrigues (ex-presidente da Metro de Lisboa/Carris afastado do cargo por causa dos swaps) não é nada oportuna. Daí que a empresa, onde o gestor tem um lugar de reserva desde 2004, esteja a estudar se é mesmo obrigada a aceitar um quadro superior com o qual nunca teve qualquer ligação.
Num comunicado em reacção a uma notícia do PÚBLICO que dava conta da existência de um lugar de recuo que o presidente da Metro de Lisboa e da Carris tinha na Refer, a empresa diz que Silva Rodrigues "celebrou um contrato de trabalho em Dezembro de 2004, estando os termos do mesmo a ser objecto de análise pelos serviços competentes".
Questionada sobre o momento em que iniciou essa análise, a gestora da rede ferroviária nacional limitou-se a dizer que "tomou recentemente conhecimento da intenção de o senhor Dr. Silva Rodrigues ingressar na Refer e, de acordo com os procedimentos normais, solicitou aos serviços competentes a análise da respectiva situação". No entanto, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, esta diligência tem como objectivo tentar encontrar uma forma de não assumir esta contratação.
Isto acontece numa altura em que a empresa está, de forma muito activa, a procurar reduzir o seu quadro de pessoal. Em 2012 saíram 132 efectivos do grupo Refer. O relatório e contas do ano passado diz que "as saídas registadas se devem à continuação da prossecução de um dos objectivos do grupo, que é o de adequar o número de efectivos às necessidades do negócio".
O sobredimensionamento de pessoal na empresa é patente tendo em conta a evolução do seu volume de investimentos: 646 milhões de euros em 2003 e apenas 46 milhões em 2012. Ficaram assim, sem trabalho, algumas estruturas da empresa antes afectas a grandes projectos de investimento, existindo hoje uma lista de trabalhadores que estão sem trabalho e que estão a ser chamados para negociar a rescisão do contrato.
É neste contexto que a Refer quer evitar a entrada de quadros que, na prática, nunca pertenceram à empresa - ou só nela estiveram alguns meses - mas que ali têm um lugar de recuo. Braamcamp Sobral, presidente da empresa na época, admitiu que era "normal" criarem-se então lugares de recuo para gestores públicos noutras empresas públicas.
No caso de Silva Rodrigues, que tem a categoria profissional de "assessor superior do conselho de administração", esse cargo até já foi extinto. A sua requalificação, no entanto, obrigaria sempre a que se respeitasse um cargo equivalente e que tivesse em conta a sua experiência, pelo que representaria um dos vencimentos mais altos da tabela da Refer.
O presidente da Metro de Lisboa/Carris foi demitido a 6 de Junho na sequência da controvérsia dos swaps (contratos que visam proteger os empréstimos contra a oscilações das taxas de juro, mas que se revelaram altamente penalizadores em muitos casos por serem especulativos).
Clamando inocência, Silva Rodrigues divulgou um comunicado em que diz que a sua demissão é injusta e injustificada, alegando que os swaps subscritos durante o seu mandato "foram, sem qualquer dúvida, decisões acertadas de gestão, no contexto em que foram tomadas e com a informação disponível, conforme a própria Inspecção Geral das Finanças também reconhece".
Além do gestor, foram afastados João Vale Teixeira, que presidia à EGREP, e Paulo Maginda, vogal da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública e ex-administrador da CP. A comissão que analisa os candidatos a gestores públicos ainda não recebeu propostas do Governo para os substituir. com R.A.C.



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