quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Declínio da França perante a Alemanha, e o desiquílibrio do Eixo.

O eixo perdido da Europa.



A descrença nas instituições está a acompanhar a recessão. A França é afectada por ambas
16/05/2013 Editorial / Público


Os números do Eurostat relativos ao primeiro trimestre de 2013 mostram que a zona euro enfrenta a recessão mais longa desde a fundação da moeda única. Enquanto isso, a França entrou em recessão, acentuando a sua distância em relação à Alemanha, cujo PIB cresceu apenas 0,1%. Aos números da recessão que já é maior do que a que se seguiu à crise do Lehman Brothers, é preciso somar outra estatística, a de uma sondagem do Pew Institute revelando que o apoio à União Europeia (UE) desceu de 60 para 45% em oito países europeus. Também ao nível da opinião pública se reflecte a clivagem franco-germânica. Os alemães são dos poucos, entre os oito países inquiridos, onde continua a existir uma maioria favorável à UE, enquanto a França é aquele onde a confiança na Europa diminuiu mais. As conclusões que se obtêm cruzando estes dados são óbvias. A França de François Hollande está sob enorme pressão de Bruxelas para adoptar reformas, ao mesmo tempo que a popularidade do Presidente socialista se vai rapidamente esboroando. Uma França pouco convicta das mudanças, descrente de um Presidente eleito em nome da rejeição das políticas de austeridade, está a tornar-se uma presa fácil do declínio económico e de uma radicalização da opinião pública idêntica à que se vive em Itália, que continua também em recessão. O adornar político e económico da França significa também que Paris não conseguirá mais ser um contraponto a Berlim. Nem tão-pouco permanecerá um aliado relevante. Tudo isto deixa a Alemanha ainda mais sozinha, ao mesmo tempo que o outro extremo do eixo em torno do qual a construção europeia cresceu parece cada vez mais enredado no seu labirinto. O eixo franco-alemão é cada vez mais um eixo quebrado e isso significa que a erosão política causada pela forma errática como Berlim e Bruxelas enfrentam a crise está a atingir o nervo político da União Europeia.

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